As cartas do Tarô podem contradizer umas às outras?
- Mariana Steiner
- 29 de out.
- 3 min de leitura
Entenda como lidar com tiragens em que as cartas parecem se opor e descubra a importância da narrativa no Tarô.

Quem já leu o Tarô com frequência certamente já passou por isso: tirar cartas que parecem dizer coisas completamente diferentes.
Por exemplo, uma leitura começa com o Sol e logo depois surge a Torre — ou o 3 de Copas vem acompanhado do 5 de Copas.
Mas será que as cartas realmente se contradizem? Ou será que elas estão mostrando partes diferentes da mesma história?
O Tarô fala em linguagem simbólica, não literal
É importante lembrar que o Tarô não se comunica de forma linear, como uma frase escrita, mas através de símbolos e arquétipos.
Por isso, quando duas cartas parecem opostas, o conflito pode não ser uma contradição, e sim um contraste.
As cartas mostram diferentes perspectivas de um mesmo processo.
Exemplo: O Sol pode representar um momento de clareza e entusiasmo, enquanto a Torre mostra algo que precisa ruir para essa clareza se sustentar. Juntas, elas falam sobre a necessidade de libertar-se de algo antes de poder brilhar plenamente.
A leitura como narrativa
Uma tiragem de Tarô é, acima de tudo, uma história simbólica sendo contada.
Cada carta representa uma cena, e todas se conectam por um fio condutor: a pergunta feita.
Quando você entende a leitura como uma narrativa, as aparentes contradições se transformam em transições — momentos de tensão, mudança ou aprendizado.
Exemplo: imagine uma tiragem sobre vida profissional em que aparecem o Oito de Ouros, seguido da Torre e do Louco.
À primeira vista, o Oito de Ouros (dedicação e aperfeiçoamento) parece oposto à Torre (ruptura e instabilidade).
Mas, quando olhamos a leitura como uma história, percebemos que a Torre não nega o esforço anterior — ela mostra que, depois de tanto tempo investindo em algo, é hora de romper com o que limita e buscar um novo caminho (Louco).
Essas cartas, juntas, narram um ciclo de crescimento, crise e renovação.
Dicas para interpretar quando as cartas parecem se opor
1. Volte à pergunta.
Às vezes, as cartas parecem confusas porque a pergunta foi ampla demais.
Releia o que foi perguntado e veja se cada carta está respondendo a um aspecto especifico do tema.
Uma pode mostrar o presente, e outra, o que vem depois, por exemplo.
2. Observe a ordem e o contexto.
O lugar de cada carta na tiragem ajuda a entender a história.
A primeira pode mostrar o cenário atual, a seguinte pode apontar um desafio ou algo que está prestes a mudar.
Dica: mesmo em tiragens simples, vale definir uma função para cada carta — por exemplo, qual mostrará o momento atual, qual representará o desafio e qual trará o conselho.
Isso ajuda a organizar a leitura e dá mais clareza para entender o diálogo entre as cartas.
3. Busque o ponto em comum.
Em vez de escolher qual carta “está certa”, pergunte: o que elas estão tentando me mostrar juntas?
Muitas vezes, uma carta fala do desejo e a outra mostra o que está impedindo que ele aconteça.
4. Observe os naipes.
Diferenças entre naipes também explicam contrastes:
Espadas mostram a mente, Copas falam das emoções, Bastões da ação e Ouros da parte prática.
Se cartas de naipes diferentes surgirem, pode ser apenas um conflito entre razão, emoção e atitude — algo natural nas leituras.
As cartas não se contradizem — elas conversam.
O Tarô é um sistema simbólico que mostra múltiplas faces de uma mesma vivência.
Quando duas cartas parecem dizer o oposto, o convite é olhar para a história entre elas.
A coerência da leitura surge quando você escuta o diálogo simbólico que o baralho está construindo.
Quer aprender tarô de forma clara e estruturada:





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